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A Histeria para a Psicanálise (De Freud a Lacan)

Atualizado: 8 de mai. de 2023

Texto escrito pela psicanalista e pesquisadora Rinalda Duarte, Doutoranda pela USP-SP, Mestre em Psicologia pela PUC-SP e Especialista em Teoria, Técnica e Estratégias Especiais em Psicanálise pela USP. Professora das especializações do Instituto ESPE e autora de programas de formação livre.



O que será que será? Que dá dentro da gente e não devia Que desacata a gente, que é revelia Que é feito uma aguardente que não sacia Que é feito estar doente (O que Será - À Flor da pele, Chico Buarque)



Banida do Manual Estatístico de Doenças Mentais (DSM-IV) em 1994, a histeria está há 24 anos excluída da Psiquiatria.


Antonio Quinet (2006) reflete a respeito das mudanças no DSM-IV e no CID-10, destacando as mudanças relativas aos tipos clínicos clássicos eliminados desses manuais: os da neurose (histeria, neurose obsessiva e fobia) e os das psicoses (paranoia e melan­colia), persistindo apenas a esquizofrenia. Para o autor:


"Ao substituir as doenças próprias da Psiquiatria clássica por transtornos, opta-se mais pela descrição que pela comunicação desses fenômenos entre colegas que por uma clínica em que cada caso seja efetivamente um caso e onde os fenômenos sejam considerados sintomas, ou seja, formação de compromisso entre as diversas instâncias do aparelho psíquico." (Quinet, 2006, p.11).


A histeria funda a psicanálise, o que confere a ela uma relevância ímpar. A sedução, o feminino e a histeria ocuparam Freud, que não cessou de reformular sua teoria. Como registra Peter Gay, em uma carta a Marie Bonaparte, Freud ainda se indaga, no final de sua vida: O que quer a mulher? [Was will das Weib?] (Gay, 2012, p. 504).

É possível afirmar que nesse “continente negro”, a que se referiu em 1926 para

caracterizar a mulher, Freud deixou alguns fios soltos, enquanto outros foram sendo

costurados, e, ainda hoje, nos possibilitam continuar pensando em como a psicanálise

se situa diante dessa metamorfose do corpo e da linguagem denominada histeria.


Mas o que é a histeria para a psicanálise? Será que a denominada histeria hoje remete às mesmas questões a que remetia na época de Freud? As perguntas do pai da Psicanálise parecem estar muito presentes na clínica da atualidade, mas, de que maneira? Será que a histeria freudiana é a mesma a que retorna Jacques Lacan? Qual a importância das teorias de Freud e de Lacan para pensar a histeria?



Freud e a histeria

Na época em que cuidou de Dora, Freud tem claro todo este conjunto de processos. A teoria da sexualidade se encontra num estágio avançado de construção (...). Entre os elementos já firmemente estabelecidos, figuram o conceito de zonas erógenas, a capacidade da libido de se deslocar tanto de uma área do corpo para outra quanto entre representações mentais, seu papel como alvo privilegia­do da repressão, e outros, a que vemos Freud recorrer quando interpreta os sintomas da paciente. (Mezan, 2014, p. 391).


Foi ouvindo as histéricas que Freud começou a semear sua teoria psicanalítica. Escutando e se interrogando sobre a histeria ele plantou sementes que lutou para recolher, e que se tornaram grandes pilares da sua teoria. Para tanto, caminhou com Charcot, Bernheiem, Janet, Dr. Josef Breuer, passando pela hipnose, até chegar ao método catár­tico. Alinhado com Breuer, acreditava que o trauma psíquico seria efeito de experiências emocionais penosas, que o sintoma histérico – a conversão – seria suprimido se o afeto doloroso pudesse se tornar consciente, pela ab-reação do conteúdo traumático.


Em Estudos sobre a Histeria, Freud tenta resolver o enigma da passagem do psíquico para o somático, e nos apresenta cinco casos de histeria, que chamo de sementes. São elas: Anna. O., Sra. Emmy Von N., Miss Lucy R., Katharina, Elisabeth Von R.


Freud foi colhendo as sementes da clínica e plantando-as no solo teórico. Nesse trajeto, muitas delas foram descartadas; outras, contudo, transformaram-se em grandes esteios da teoria psicanalítica.


Cada uma delas ajudou a formular o conceito de Inconsciente. Anna O. o fez, pedindo para falar, nomeando sua terapia “uma cura pela fala”, essa fala que tinha o efeito de uma "limpeza da chaminé”, fazendo com que cada vez menos se usasse a hipnose, e que se desdobrou na livre associação.


Os sintomas histéricos se manifestam no corpo, mas não só. Também podem se traduzir por depressão, fobia, anorexia, como ensinou Emmy. E por desejos proibidos que se expressaram pela via sintomática, devido ao recalque. Miss Lucy desejou seu patrão; Elisabeth, seu cunhado. Todas elas ajudaram a formular o que seria no futuro a teoria do Édipo, fundamento teórico da histeria para Freud.


Katharina, ao escolher Freud, supondo que a um médico “se pode contar tudo”, endereçou a ele seu sintoma, seu enigma, germes da transferência, que será formulada em 1905 no trabalho Fragmento da Análise de um Caso de Histeria.


Elisabeth, opondo-se à hipnose, ensinou a Freud o que seria um grande entrave ao tratamento psicanalítico – a resistência, assim como pôs em cena os mecanismos de defesa, que fazem parte do conflito psíquico, e a dimensão do desejo inconsciente, que terá lugar, em 1905, na teoria da sexualidade infantil, em Três Ensaios Sobre a Sexualidade Infantil.


Todos os sintomas dessas pacientes pareciam estar relacionados com algum tipo de experiência sexual, e dentro dessa lógica é que Freud formula a teoria da sedução, que constitui a primeira teoria do trauma, ponto em que a criança passa por algum tipo de investida sexual por um adulto.

É importante notar ainda que, paralelamente a essa construção com as histéricas, Freud, em suas correspondências com Fliess, na carta 52, de 6 dezembro de 1896, e na carta de número 69, datada de 21 de setembro de 1897, afirma: “Não acredito mais em minha neurótica…”. A fantasia ganha uma importância fundamental na teoria das neuroses, fazendo com que Freud abandonasse sua teoria da sedução, modificando, assim, todo o destino da teoria psicanalítica. Ao abandonar a teoria do trauma, a etiologia das neuroses sofre uma absoluta modificação, pois a fantasia passa a ser a causa da etiologia da histeria, das neuroses. O trauma é mantido, mas não mais em termos reais e sim psíquicos, na dimensão da fantasia.

Nesse percurso da teoria freudiana, Lusimar Pontes destaca:


Como primeira caracterização da histeria a noção de defesa, de 1893, momento em que Freud postula como fator etiológico o trauma psíquico, sendo o sintoma conversivo o seu efeito. Nasce a segunda caracterização da histeria como desejo insatisfeito, o que aparece, em 1900, na Traumdeutung, após o abandono da teoria do trauma em detrimento da fantasia inconsciente como fator etimológico. Portanto, a partir de 1900, Freud modifica sua teoria ao trazer que a origem da histeria se fundamenta em uma fantasia inconsciente (Pontes, 2011, p. 121).


Com a teoria do complexo de Édipo, Freud reconhece que a sexualidade infantil é a causa das neuroses, entre elas a histeria, tendo a raiz nas experiências da criança, não necessariamente as reais, mas as de uma realidade psíquica, pautadas nas fantasias infantis e no complexo de Édipo. Esse grande pilar da etiologia das neuroses nunca se modificou, mas ainda foi desenvolvido.


É possível afirmar que as primeiras histéricas plantaram no campo de Freud as sementes, e que ele as recolheu em forma de conceitos fundamentais: inconsciente, associação livre, transferência, recalque, sublimação, deslocamento e condensação, resistência, ética do tratamento psicanalítico. O complexo de Édipo terá desdobramentos teóricos importantes para a investigação de Freud sobre a mulher e sobre a histeria até 1932.

Os sintomas somáticos permanecem como uma condição do diagnóstico da histeria até o final de sua obra, mas já em Estudos Sobre a Histeria não estão reduzidos exclusivamente ao sintoma de conversão, e já incluem: abulia, anorexia, depressão, fadiga, fobias, entre outros fenômenos. O que deve ser um alerta para a clínica hoje, uma vez que esses sintomas vêm se disseminando quase que de forma epidêmica na nossa sociedade, mas desarticulados do diagnóstico de histeria, retirado em 1994 do Manual Estatístico de Doenças Mentais - DSM-IV. Embora a histeria tenha sido retirada do DSM-IV, os sintomas histéricos estão na nossa clínica desde Freud, com seus primeiros casos de histeria, até os dias de hoje. A psicanálise desde Freud, passando por Lacan, trabalha para o entendimento da histeria, contribuindo muito para a clínica, uma vez que não considera o sintoma de forma isolada.



Freud, Dora e a cena do lago


Agora era fatal

Que o faz de conta terminasse assim

Pra lá deste quintal

Era uma noite que não tem mais fim

(João e Maria, Chico Buarque)



No texto de Freud (1905), a cena em que Dora e o Sr. K. caminham e conversam às margens do lago é carregada de enigmas; seus detalhes não aparecem de uma vez, sua relevância e seus mistérios vão se desdobrando ao longo do texto; talvez devido à própria obscuridade que a cena promoveu no caso.


Freud relata que Dora tinha uma relação distante com sua mãe, sendo muito ligada ao pai. E que seu pai tinha um relacionamento muito íntimo com o casal K., em especial com a Sra. K., que cuidara dele durante sua longa enfermidade, cultivando por ela uma eterna gratidão. O pai de Dora durante sua enfermidade mudou-se para estação B, onde a Sra. e o Sr. K. residiam. O Sr. K. era muito ligado a Dora, levava-a para passear quando estavam em B e dava-lhe pequenos presentes, ninguém via mal no relacionamento dos dois. Dora dedicava aos filhos do casal K. um cuidado quase maternal. Tudo ia bem entre os quatro até que um dia Dora passou a reivindicar ao pai o rompimento com os K. Segundo Freud, Dora conta à mãe, para que esta por sua vez transmitisse ao pai:


Que o Sr. K. tivera a audácia de lhe fazer uma proposta amorosa, durante uma caminhada depois de um passeio pelo lago. Chamado a prestar contas de seu comportamento ao pai e ao tio da moça quando do encontro seguinte entre eles, o acusado negou do modo mais enfático qualquer atitude de sua parte que pudesse ter dado margem a essa interpretação e começou a lançar suspeitas sobre a moça, que segundo soubera pela Sra. K., só mostrava interesse pelos assuntos sexuais (Freud, 1905/1996, p. 35).


Segundo Freud (1905/1996, p. 52), “nenhum ato do pai parecia irritá-la tanto quanto sua presteza em tomar a cena do lago como produto da fantasia dela. Dora ficava fora de si ante a ideia de se pensar que ela simplesmente imaginara algo naquela ocasião”. A partir daí, sem meios de explicar o que se passava, tentava especular buscando o que se escondia entre a cena descrita por Dora e a descrença do pai. Para Freud:


Era justificável suspeitar de que houvesse algo oculto, pois uma censura que não acerta o alvo, tam­pouco ofende em termos duradouros. Por outro lado, cheguei à conclusão de que o relato de Dora deveria corresponder à verdade em todos os aspectos. Mal ela percebera a intenção do Sr. K., não deixara que ele terminasse de falar, esbofeteara-o no rosto e se afastara às carreiras. Seu comporta­mento, depois que ela se foi, deve ter parecido tão incompreensível para o homem quanto para nós, pois ele já deveria ter depreendido desde muito antes, por pequenos indícios, que tinha assegurada a afeição da moça. (Freud, 1905/1996, p. 52).


Essa passagem do texto de Freud aponta para o quanto a cena do lago o deixou em apuros para entender as razões da bofetada, e a fúria de Dora com a acusação de ter inventado toda a história.


Freud levanta a hipótese de que Dora não externava sua paixão pelo pai e por isso havia vivido anos em perfeita harmonia com a Sra. K., e que o amor pelo pai teria sido reavivado para suprimir seu amor pelo Sr. K., um amor que, por motivos desconhe­cidos, fora reprimido e tropeçava numa violenta resistência. Dora não concorda com essa interpretação.


No trabalho do primeiro sonho da paciente, Freud tentava entender por que ela se sentiu tão melindrada com a proposta do Sr. K. feita à margem do lago. Achou que o fato de ter contado aos pais o ocorrido foi um tipo de vingança.


Eis o sonho, tal como Dora o relatou: “Uma casa estava em chamas. Papai estava ao lado da minha cama e me acordou. Vesti-me rapidamente. Mamãe ainda queria salvar sua caixa de joias, mas papai disse: “Não quero que eu e meus filhos nos queimemos por sua caixa de joias.” Descemos as escadas às pressas e, logo que me vi do lado de fora, acordei (Freud, 1905/1996, p.67).


Dora conta que havia ganhado do Sr. K. uma caixa de joias [Schrmuckkästchen]. E Freud interpreta que ela estava sentindo-se perseguida por este homem e que sua caixinha de joias - genitais - estavam em perigo. E que se acontecesse alguma desgraça a ela, o culpado seria seu pai, por isso ele a salva no sonho.


No segundo sonho, narrou Dora:


Cheguei então a uma casa onde eu morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe. Dizia que, como eu saíra de casa sem o conhecimento dos pais, ela não quisera escrever-me que papai estava doente. Agora ele morreu e, se quiser, você pode vir. Fui então para estação (Bahnhof) e perguntei umas cem vezes: Onde fica a estação? Recebia sempre a mesma resposta: Cinco minutos (Freud, 1905/1996, p. 93).


Freud conta que na noite de véspera, numa reunião doméstica, o pai solicita que Dora busque conhaque. Com isso, a jovem pergunta à mãe: onde está a caixa [Kästchen]? Também pergunta sobre a chave [schüssel] do bufê. A mãe está envolvida numa conversa e não lhe responde. Impaciente, diz que já lhe perguntou umas cem vezes onde está a chave, mas deveria ter sido somente cinco vezes de fato. Freud interpreta a caixa e a chave como órgãos sexuais feminino e masculino. O sonho também apresenta uma carta e o pai aparece doente, o que leva Freud a fazer a ligação ao desejo sexual inconsciente e também à carta de despedida que ela escrevera de próprio punho e deixara na escrivaninha como uma vingança ao pai, por não parar de ver a Sra K.

Esse sonho desliza mais uma vez para a cena do lago, e Freud afirma:


Pedi a Dora que me descrevesse essa cena minuciosamente. A princípio, ela não revelou grandes novidades. O Sr. K. fizera uma introdução razoavelmente séria, mas ela não o deixara terminar. Mal compreendeu do que se tratava, deu-lhe uma bofetada no rosto e se afastou às pressas. Eu queria saber que palavras ele empregava, mas Dora só se lembrou de uma de suas alegações: “Sabe, não tenho nada com minha mulher” (Freud, 1905/1996 p. 97).


Freud estava muito atento à relação da jovem com as figuras masculinas – o pai e o Sr. K. A mãe, antes tão desprezada, agora é a pessoa a quem pede ajuda e que aparece no sonho como aquela que tem a chave. Não seria a chave do feminino? – uma vez que ele interpretou, fazendo a ligação do pedido da chave na língua alemã com relação ao feminino. E a Sra. K.? Tão adorada e depois da cena do lago desprezada e odiada por ela. Todo o trabalho interpretativo para entender os sintomas histéricos de Dora e a razão da bofetada estava ligado à interpretação de um amor recalcado pelo pai e pelo Sr. K., e ao desejo de se vingar de ambos – as mulheres não aparecem na sua interpretação.


Freud concluiu – graças ao material do segundo sonho e do sintoma de arrastar o pé – que Dora teria “dado um passo em falso” na cena do lago, e sofria de arrependimento por ter dado uma bofetada no Sr. K., pois ainda seguia gostando dele.

O conteúdo da cena: “Sabe, não tenho nada com minha mulher” foi explorado após Dora comunicar seu desejo de parar a análise. E a jovem ouviu sem concordar com Freud, e também sem contradizê-lo, como costumava fazer, quando ele disse:


Davam-lhe a certeza de que se conseguiria o consentimento da mulher para o divórcio, e com seu pai você consegue o que quer. (…) Assim, deve ter sido uma grande decepção para você que, em vez de uma proposta renovada, suas acusações tenham tido como resultado as negativas e as calúnias do Sr. K. (...). Agora sei do que é que não quer ser lembrada: é de ter imaginado que a proposta estava sendo feita a sério e que o Sr. K. não desistiria até que você se cassasse com ele. (Freud, 1905/1996, p. 105).


Quando Dora comunica que desejava interromper o tratamento, Freud pergunta quando decidiu e ela responde que fazia uns quatorze dias. Ele interpreta esse prazo como um aviso prévio de uma empregada ou de uma governanta. Com isso, Dora relata que havia uma governanta em L que tinha um comportamento estranho em relação ao Sr. K. Essa governanta contou-lhe do assédio insistente do Sr. K., que havia dito a ela a mesma frase - que não tinha nada com sua mulher. Afirma que a mulher cedeu a ele, e em pouco tempo ele não lhe deu mais importância. Freud aponta que se tratava da mesma frase proferida a ela. Quando Dora comunica que vai encerrar o tratamento, ele interpreta que ela havia ficado com ciúmes e com raiva de o Sr. K. tê-la tratado como uma governanta – e estava aí a razão da bofetada –, mas que esperava que ele insistisse em seu amor, por isso também esperou quatorze dias para contar à mãe, como um aviso prévio, mas ele mandou somente uma única carta quando partiu e depois nunca mais se manifestou.


Freud interpreta que por ter um amor recalcado pelo Sr. K., ela se vingou, contando aos pais sobre o ocorrido às margens do lago. E acrescenta ainda que estava começando a achar que ela levou a questão com o Sr. K. muito mais a sério do que tinha demons­trado até então. Talvez fosse seu desejo que ele tivesse se divorciado para ficarem juntos.


Dora ouviu toda a interpretação sem contradizê-lo – não costumava fazer isso, Freud observa. E acrescenta que ela parecia emocionada e mais amável, e que até lhe fizera votos de um feliz Ano Novo. Depois disso, não voltou mais.


A interrupção da análise pela paciente foi interpretada por Freud como um indubitável ato de vingança contra ele, assolando suas expectativas de um final feliz de tratamento, e que mais uma vez ela havia se servido da tendência a se autoprejudicar, interpreta.

Esse caso provocou em Freud profundas reflexões. No Posfácio do caso, escreveu uma nota de rodapé muito importante:


Quanto mais me vou afastando no tempo do término dessa análise, mais provável me parece que meu erro técnico tenha consistido na seguinte omissão: deixei de descobrir a tempo e de comunicar à doente que a moção amorosa homossexual (ginecofílica) pela Sra. K. era a mais forte das correntes inconscientes de sua vida anímica. Eu deveria ter conjecturado que nenhuma outra pessoa poderia ser a fonte principal dos conhecimentos de Dora sobre coisas sexuais senão a Sra. K., a mesma pessoa que depois a acusara por seu interesse nesses assuntos. Era realmente de chamar a atenção que ela soubesse todas aquelas coisas indecentes e jamais quisesse saber de onde conhecia (...). Eu deveria ter tratado de decifrar esse enigma e buscado o motivo desse estranho recalcamento. O segundo sonho poderia então ter me revelado. A sede brutal de vingança expressa por esse sonho (...) ocultara a corrente oposta: a generosidade com que ela perdoara a traição da amiga amada e escondera de todos que fora justamente esta quem lhe participara os conhecimentos pelos quais ela caíra sob suspeita. Antes de reconhecer a importância da corrente homossexual nos psiconeuróticos, fiquei muitas vezes atrapalhado ou completamente desnorteado no tratamento de certos casos. (Freud, 1905/1996, p. 114).


Freud se dá conta do amor de Dora pela Sra. K., mas atribui esse sentimento à bissexualidade, a uma moção amorosa homossexual. Essa reflexão terá desdobramentos fundamentais para o avanço da teoria do complexo de Édipo. Como constata Mezan, embora não escape a Freud a atração homossexual:


Mas no decorrer do tratamento literalmente não sabe o que fazer com tal descoberta. É plausível supor que foi refletindo sobre sua omissão deste aspecto – que, no entanto, não lhe era desconhecido, pois a bissexualidade é um tema frequente na correspondência com Fliess - que tenha sido levado a construir a versão completa do complexo, a qual inclui ambivalência em relação aos genitores (Mezan, 2014, p.398).


A teorização da corrente homossexual traçada por Freud foi de fundamental importância para continuar formulando os desdobramentos do complexo de Édipo ao longo de sua obra. E foi por essa via que Freud acessou a importância da mãe para a menina também.


O amor de Dora pela Sra. K. ensina a Freud a importância da mãe no complexo de Édipo feminino, que terá sua formulação em 1932.


Depois de quinze meses do tratamento concluído e da redação do caso, Dora se apresentou para concluir sua história e pedir ajuda novamente, “mas uma olhadela para sua expressão revelou-me que ela não levava a sério esse pedido” (Freud, 1905/1996, p.115).


Contou a Freud que ficou numa atrapalhação nas primeiras semanas que se seguiram ao término do tratamento; e que depois veio uma melhora substancial, seu estado de ânimo se elevou, até que morreu um dos filhos dos K., que vivia sempre doentinho. Conta que aproveitou essa oportunidade para fazer-lhes uma visita e que a haviam recebido como se nada tivesse acontecido naqueles últimos três anos. Freud escreve que nessa ocasião ela se reconciliou com eles. Vingou-se. E levou seu assunto a uma conclusão satisfatória para si.


À mulher, disse: “Sei que você tem um relacionamento com papai”, e esta não o negou. Quanto ao marido, provocou-o a confessar a cena do lago antes contestada por ele, e levou ao pai essa notícia justificatória (Freud, 1905/1996, p. 115).


E com isso Dora retomou o relacionamento com os K. Em meados de outubro, ela teve um ataque de afonia que perdurou três semanas; surpreso, Freud indaga o que havia acontecido. Dora conta que encontrou o Sr. K. na rua e que ele a observava quando uma carruagem o atropelou, mas sem nenhum dano grave. Freud achava que a jovem tinha uma certa emoção ao ouvir falar no relacionamento do seu pai com a Sra. K. Conta que Dora estava dedicada aos estudos e com desejo de casamento.


Esse retorno de Dora deve-se ainda a uma perturbação somática. Ela reclama de uma “nevralgia facial do lado direito, que agora persistia dia e noite”. À pergunta de Freud “Desde quando?”, ela responde: “Exatamente há quatorze dias”. A repetição desse prazo, interpretada por ele como uma espécie de “aviso prévio” leva-o a sorrir, e permite-lhe confirmar suas interpretações. Dora também havia lido num jornal uma notícia referente a Freud, precisamente há quatorze dias (a notícia era a nomeação de Freud para uma cátedra) (Freud, 1905/1996, p.116).


Na época em que Freud atendeu Dora, seu objetivo era suprimir os sintomas físicos, tornando os pensamentos da paciente conscientes. Achava que a histérica sofria de reminiscências, portanto, acreditava que ajudar a preencher as lacunas da lembrança seria fundamental para a cura. Os sintomas físicos eram analisados como efeitos do recalque, sendo o sintoma o caminho possível para o escoamento da excitação. Por isso admitia que se o pensamento se tornasse consciente, o sintoma seria suprimido. Freud dava uma inter­pretação para cada sintoma da paciente, pensando a interpretação como uma decifração.


O caso Dora parece plantar, dentre tantas sementes muito importantes para a metapsicologia de Freud, a semente do complexo de Édipo da menina. Foi analisando a relação de Dora com a Sra. K. que Freud passou a incluir a importância da mãe como primeiro objeto de amor para o menino e também para a menina. Essa formulação foi se desenvolvendo ao longo dos anos até 1933, no texto A feminilidade. Freud teorizou que a menina entra no complexo pela via da castração, e levou um tempo para formular como se dava a saída da menina desse complexo. Fazendo sua última formulação indica três saídas possíveis do complexo de Édipo feminino, sendo a saída normal, a da feminilidade, o caminho da troca de objeto de amor – da mãe para o pai, para assim poder desejar um homem e aceder à maternidade, tendo um filho. A maternidade apresenta-se como uma forma de lidar com sua condição de castrada.


Mezan (1998) afirma que é sob a égide do narcisismo ferido que se opera a troca objetal feminina, e para reconstruir essa imagem ferida, um bebê ou um pênis. Esses dois termos se equivalem, na medida em que representam o objeto que fora imaginariamente perdido, a saber, o falo.


E daí – o que apareceu de tão interessante?Freud e Dora. Se Freud tivesse encerrado sua obra no annus mirabilis de 1905, o que tinha realizado até então já seria suficiente para inscrever seu nome na história da Psicologia como um dos grandes da disciplina. Nos oito ou dez grandes textos que vão dos Estudos Sobre a Histeria até A Piada e Sua Relação Com o Inconsciente, com efeito, do apartamento dele na Berggasse 19 emergiram uma teoria geral da psique e uma teoria do desenvolvimento sexual, além de uma teoria abrangente dos “transtornos neuropsicóticos” fundada sobre “pressupostos claros a respeito do funcionamento normal” (era a ambição de que falava na carta 24 a Fliess). Além disso, essas hipóteses foram aplicadas aos sonhos, aos atos falhos e às anedotas; estão na base de diversos relatos de caso, dos quais o mais rico é o Caso Dora (Mezan, 2014, p. 89).



Lacan e a histeria



Onde queres descanso, sou desejo

E onde sou só desejo, queres não

E onde não queres nada, nada falta

(O Quereres, Caetano Veloso)


Lacan se alinha com Freud ao pensar o falo como ordenador da sexualidade feminina e masculina. Também entende que ao situar o falo no centro da sexualidade de ambos os sexos, pela via do simbólico, ele só consegue circunscrever o gozo fálico, sendo um problema para a feminilidade.


Lacan propõe uma saída para o impasse na perspectiva de um Outro gozo, não todo fálico, a partir do qual o feminino pode ser situado. Desta forma, Lacan acrescenta ao debate sobre a sexualidade feminina conceitos como real, objeto a e gozo, e põe em evidência o fato de que o campo simbólico não oferece senão uma possibilidade de ordenação do real que é, como tal, sempre precária. Essa precariedade aparece, em relação à questão sexual, exatamente na incidência problemática do simbólico sobre a sexualidade feminina, uma vez que a questão fálica é, como afirma Lacan em A Significação do Falo, de interpretação especialmente espinhosa na mulher (1958, p. 693). A “proporção” sexual que o falo, como elemento simbólico, busca estabelecer só pode admitir o masculino como fálico e feminino como castrado - e é por meio dessa dicotomia que o sujeito procura dar conta do real de que não há relação sexual. Na medida em que Lacan acrescenta a esse debate o tema do gozo, torna-se possível delimitar para além de um gozo que seria orientado falicamente, um gozo próprio do feminino, e que define como não - todo fálico (Faria, 2004, p. 104).


Lacan também contribui com sua leitura do Caso Dora para a formulação do desejo histérico, e mais uma vez a Sra. K. teve seu papel decisivo para ajudar a avançar na teoria. Para Lacan, a histeria é um modo de lidar com o desejo, e é estrutural da condição histérica ter seu desejo insatisfeito.


Em 1957, Lacan afirma que a histeria é uma estrutura clínica, e que seu funcionamento é amar por procuração. Lacan analisa que o desejo de Dora está ligado ao desejo do pai e do Sr. K., na medida em que eles se interessam pela Sra. K. Desejar saber sobre o desejo do Outro é marca da histeria, o desejo sendo definido por Lacan não como desejo de um objeto, mas sim desejo de desejo. A histérica se pergunta: o que é preciso para ser o objeto do desejo do Outro? Nesse sentido, o objeto de Dora, afirma Lacan, é a Sra. K. Aos olhos de Dora, a Sra. K. é desejada por seu pai e pelo Sr. K., representando para a jovem a posição feminina e fálica. Como juntar a posição fálica, a de ser objeto do desejo do Outro, e o feminino, se a lógica edípica situa o feminino do lado da castração? Na falta de um significante que defina o que é a mulher, a histérica responde criando uma demanda de amor e também uma resposta identificatória com outra mulher, supondo que a “outra” sabe a resposta desse enigma. Dora está ligada à Sra. K. porque supõe que ela tem a chave do feminino.


O lugar que a histérica ocupa nessas situações é aquele do que poderíamos chamar, com um termo em inglês, de a puppet, que é algo como um manequim, mas com o sentido mais extenso de falso semblante. Com efeito, a histérica introduz uma sombra que é seu duplo, sob a aparência de outra mulher, por intermédio da qual seu desejo consegue, precisamente, se inserir, mas de maneira, ocul­ta, já que é preciso que ela não o veja. Essa posição é tão frequente que percebemos facilmente nas observações, com a condição de dispormos da sua chave (Lacan, 1958-59/2016, p. 458).


A trama do quatrilho se desfez quando, à beira do lago, o Sr. K. afirmou: minha mulher não é nada para mim. Pois se a Sra. K. não era nada, a trama inconsciente desmonta e Dora perde sua referência identificatória, seu duplo, representado pela Sra. K. É assim que Lacan interpreta a bofetada de Dora no Sr. K.


Para Lacan, assim como para Freud, a questão fundamental para compreender a histeria se encontra no complexo de Édipo feminino.


No Édipo, como pode a menina se identificar com a posição feminina, tendo que abandonar sua mãe por tê-la descoberto castrada?


Segundo Lacan (1956-57/1995, p.143), Dora se esforça para situar sua condição feminina, supondo que a Sra. K., por ser objeto do desejo dos homens – do Sr. K., mas, em especial, do seu pai – teria a chave desse enigma: o que é uma mulher?


Toda a situação se instaura como se Dora tivesse que se formular a questão: O que meu pai ama na Sra. K.? A Sra. K. se apresenta como algo que seu pai pode amar para além dela mesma. Aquilo a que Dora se apega é o que é amado por seu pai numa outra, na medida em que ela não sabe o que é. Isso está em conformidade com o que é suposto em toda teoria do objeto fálico, a saber, que o sujeito feminino só pode entrar na dialética da ordem simbólica pelo dom do falo. A necessidade real que sobressai no órgão feminino como tal, na fisiologia da mulher, não é negada por Freud, mas nunca lhe é dado entrar, como tal, no estabelecimento da posição do desejo (Lacan, 1956-57/ 1995, p. 143-44).


O quatrilho formado por Dora, seu pai, o Sr. e a Sra. K. tem função importante para a jovem, na medida em que ela quer saber o que seu pai e o Sr. K. amam naquela mulher.


A Sra. K. é o objeto da adoração de todos os que a cercam, e é como participante dessa adoração que Dora se situa, afinal, em relação a ela. O Sr. K. é a maneira como ela normativiza essa posição, tentando reintegrar no circuito o elemento masculino (...). A saber, que Dora seja amada por ele para além de sua mulher, mas na medida em que sua mulher represente alguma coisa para ele. (Lacan, 1956-57/1995, p.145-46).

A histérica tenta equacionar o feminino e o falo, e a “outra mulher” da histérica supostamente resolve essa questão. É nesse sentido que a histérica “precisa” da outra mulher, supondo que a outra sabe o que é ser uma mulher. Dora olha para o ponto em que se localiza o desejo do Outro para poder responder a sua própria pergunta sobre o feminino. A Sra. K. condensa a posição do feminino para a histeria de Dora, confirmando que o desejo da histérica é ser desejada.

Para Lacan, é pela via dos semblantes que a mulher constrói suas identificações, uma vez que falta um significante que a defina. Segundo Serge André:

Uma mulher fica, então, enquanto mulher, radicalmente fora do alcance do sujeito, inclusive do sujeito que se alinha na posição feminina. Mais exatamente, a feminilidade só pode ser atingida ou designada pelo viés de um semblante. (…) Esta relação ao semblante não é aquilo em que se crê por demais facilmente, uma coqueteria ou uma mentira. É, inicialmente, uma questão de estrutura, já que é a linguagem que situa a mulher fora daquilo que se pode dizer. Como pode uma mulher se acomodar nessa posição que, à falta de essência significável como tal, só pode se afirmar no artifício? Como fazer reconhecer a feminilidade por um semblante não feminino em si? Uma mulher, assim, é levada a reconhecer que “é pelo que ela não é que quer ser desejada, ao mesmo tempo que amada” (André, 2011, p. 704).


Fazer semblante de objeto não é o mesmo que sê-lo. Assim, parecer ser, define posição feminina. Lacan (1957-58/1999) afirma que a posição feminina no jogo dos semblantes corresponde à máscara.


Para sustentar uma posição feminina, faz-se necessário um certo savoir-faire em relação ao que está em jogo no uso dos semblantes, o que requer, como se disse, que uma mulher não se agarre ao todo fálico, mas tampouco se desfaça do uso de suas máscaras (Fuentes, 2012, p.140).


A histeria, tanto em Freud como em Lacan, faz a teoria psicanalítica avançar. As histéricas analisadas por Freud no final do século XIX e início do século XX nos ajudam a entender que o sintoma no corpo não se apresenta desarticulado da problemática psíquica. O sintoma possui um sentido inconsciente como nos mostrou tão bem Freud, e a histeria é uma forma de lidar com o desejo que se manifesta estruturalmente como desejo insatisfeito, como teorizou Lacan. O tratamento psicanalítico requer que o sintoma seja ouvido e tratado no cerne da sua etiologia. Portanto, não se deve tomar o sintoma físico desarticulado do funcionamento psíquico.


Nesse sentido, a pergunta da histérica sobre sua condição, assim como o sofrimento que o sintoma causa, e, assim com os sonhos e os atos falhos colocados no lugar do enigma, apontam o caminho da análise. Não foi por isso que Lacan aproximou o discurso da histérica do discurso do analista?



 

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Sobre a autora:


Rinalda Duarte é psicanalista, psicóloga, doutoranda pela USP-SP, mestre em Psicologia pela PUC-SP, especialista em Teoria, Técnica e Estratégias Especiais em Psicanálise pela USP. Atua em consultório particular com clínica, supervisão e grupos de estudos. Texto originalmente publicado em: DUARTE, Rinalda de Oliveira. A histeria, de Freud a Lacan. In: FARIA, Michele Roman (Org.). O psicanalista: na instituição, na clínica, no laço social, na arte. São Paulo: Toro, 2018. p. 131-144. [volume 2].



Referências Bibliográficas


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FARIA, M. O Que é Uma Mulher? Respostas Clínicas ao Problema do Feminino. Psyché (São Paulo) v.8, n.13, jun. 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382004000100009>. Acesso em: 31 jan. 2023.


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FREUD, S. (1905). Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. In: Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud, v.7. Rio de Janeiro: Imago, 1996.


FREUD, S. (1923-1925). A Dissolução do Complexo de Édipo. In: Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud, v.9. Rio de Janeiro: Imago, 1996.


FREUD, S. (1927-1931). A Sexualidade Feminina. In: Edição standard brasileira das obras com­pletas de Sigmund Freud, v.21. Rio de Janeiro: Imago, 1996.


FUENTES, M. J. S. As Mulheres e Seus Nomes: Lacan e o Feminino. Belo Horizonte: Scriptum, 2012.


GAY, P. Freud: Uma Vida Para Nosso Tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.


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LACAN, J. (1956-1957) O Seminário 4: A Relação de Objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.


LACAN, J. (1957-1958). O Seminário 5: As Formações do Inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.


LACAN, J. (1958-1959). O Seminário 6: O Desejo e Sua Interpretação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2016.


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MEZAN, R. O Tronco e os Ramos. São Paulo: Companhia das Letras. 2014.


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