Qual a importância da teoria na formação do psicanalista?
Sabemos que um analista se forma no divã, ou seja, na experiência pessoal de cada um em sua análise. Neste sentido, temos que o analista, como afirma Lacan em seu texto “Do trieb de Freud...”, é aquilo que se produz em uma análise. No entanto, somente a análise não é suficiente para que alguém possa ocupar este lugar de acolher e acompanhar outros neste percurso.
A teoria da psicanálise entra como um norte para o tratamento ofertado. Ela é tão importante que, sabendo ou não, aquele que se coloca para se analisar irá padecer dos efeitos da teoria na escuta do seu analista.
Temos então que um analista se forma no divã mas, para tal, é necessário que esteja teoricamente amparado para produzir suas intervenções naquilo que seu percurso formativo lhe permite. O imbricamento entre teoria e análise pessoal é tamanho que podemos inclusive pensar não em uma Psicanálise, mas em psicanálises, sim, no plural.
Uma análise de orientação lacaniana, por exemplo, se difere e muito de uma análise feita por um psicanalista orientado pelos ensinos de Melanie Klein, de Winnicott, entre outros. O próprio conceito de fim de análise que nos auxiliará na questão da alta de nossos pacientes e, por conseguinte, no aceite de alguém como analista dentro das escolas, é determinado pela teoria que sustenta a psicanálise aplicada.
Nas diferentes escolas teremos diferentes possibilidades de pensar o fim de análise e aquilo que chamamos de analistas e, um pouco mais, das diferentes modalidades de intervenções e pressupostos que norteiam a nossa prática. Um fim de análise kleiniano, para dar um exemplo, pode ser quando o paciente elaborou as posições mais regredidas, mais primitivas na presença do analista e pode se destacar dele. Para Lacan, o fim de análise tem mais a ver com o efeito de um percurso onde o sujeito do inconsciente aparece no seu mais radical des-ser, despredicatizado, sem a orientação do Outro, do que uma identificação com um ideal de ser saudável que permeia nossa cultura e tantas outras escolas de psicanálise. Esta orientação que viria do Outro nada mais é do que a retificação de uma posição que remete não ao fim de análise, mas ao seu início, aquele momento ímpar em que o sofrimento aparece na medida em que eu me dou conta ser impossível satisfazer o desejo do outro e ocupar o lugar de tamponar sua falta.
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